Alcântara: de barco até a cidade sem foguetes
junho 06, 2016Era sábado, acordei cedinho e fui caminhando até o Cais da Praia Grande, no Centro Histórico de São Luís. É de lá que sai o barco para a cidade de Alcântara. A um preço de R$ 30,00 (ida e volta) é possível fazer o passeio, isso se você dispensar o serviço de guia. Para seguir acompanhando uma excursão você pagará R$ 60,00 e uma dica: vá! Acabei indo sozinha e me arrependi um pouco por um motivo muito básico: segurança! :/ Daqui a pouco falo mais disso mas antes eu queria comentar uma coisinha... a viagem de barco!
Fui pela empresa Luzitana. Uma hora e meia de saculejos, segura na mão de Deus, pai-nosso, a vida passando diante dos olhinhos e balanços. O barco vai tooodo para um lado e depois toooodo para o outro, atravessando o mar. Há épocas em que as ondas chegam a três metros mas graças a Jeová nessa viagem que fiz não passaram de um metro e meio (o cara das velas me falou, então tá!). Ao comentar dessa experiência com um colega meu que havia feito o mesmo passeio ele falou uma coisa que me deixou rindo por dias: "Tinha horas que eu estava lá no barco e pensava... por que eu fiz isso comigo?", HAHAHAHAHA! Era exatamente isso que eu sentia, véi!
Eu estava nervosa e com vergonha da minha cara de amarela enquanto os nativos me olhavam com aquele sorrisinho de "hehehe, #SiFudeu". E olha que a ida foi super de boa por causa de um segredinho básico: eu não fiquei na parte de baixo do barco, estava agoniada para sentir vento no rosto e me sentei ao lado do senhorzinho que comandava as velas lá em cima. Eu juro que fiz umas trinta tentativas de tirar uma foto sorrindo mas o máximo que eu consegui foi isso aí, ó:
Isso aí, garota! Sorrisão natural, hein? HAHAHA! Ok, tem muito drama meu aí e não dá pra morrer, é só emocionante e indico não comer muito antes de embarcar. Depois de desistir de tirar uma foto que preste acabei enfiando a máquina na mochila e aproveitando a paisagem. Água-muita e vento-assanha-cabelo. Foi bom, me senti obrigada a fechar os olhos, me observar por dentro por alguns segundos e agradecer por tudo. Eu estava me sentindo viva e isso saiu arrepiando cada pelo do meu corpo: eu estava viva e com saúde! Putz, eu estava me movendo, dando à minha alma a oportunidade de conhecer um lugar novo e isso sempre me empolga.
Alcântara é uma cidade misteriosa, bonita e cheia de história. É lá que tem um Centro de Lançamento de foguetes (tem uma localização que faz com que se obtenha 30% de economia de combustível) e onde foi registrado um acidente gravíssimo. Fora isso, o lugar é conhecido por ter muitas ruínas e casarões antigos. Realmente, de encher os olhos mas a abordagem insistente dos guias de turismo e a sensação de insegurança me fizeram travar um pouco. É só descer do barco que os guias chegam-chegando, te acompanham sem nem perguntar se você quer. Não contei conversa e fui subindo uma ladeira enooorme até chegar à ruína mais famosa da cidade. Tá aí a cara de exausta e quase-morte, o calor é gigante!
A cidade é miudinha, linda e eu queria ter dormido lá pois dizem que a noite é encantadora mas... te arranca a autonomia de andar só. Situação chata a ponto de eu estar em uma das ruas tentando acertar os pitôcos da câmera pra fazer uma foto e um carro de polícia parar do meu lado. Um dos policiais baixou o vidro numa rapidez que me assustou, colocou o braço pra fora e foi super preocupado ao perguntar: "Você está andando sozinha?" e aí comecei a tremer e respondi só um "sim" de olhos arregalados. "Então guarde a câmera agora e vá andar com um grupo de turistas", putz... isso me deixou tão chateada.
É como se a gente só pudesse existir em bando, em grupo, sem a subjetividade de aproveitar um lugar pelo que ele transmite e sim pelo que os guias dizem insistentemente. Fiz um bico do tamanho do mundo e fui andando, budejando um pouco e obedecendo à ordem do policial. Bora lá, ficar próxima dos grupos de excursão mas sem de fato estar neles.
Tentei esquecer um pouco disso e me concentrar no que a cidade tinha pra me dizer. A parte central de Alcântara é linda, você já chega subindo ladeira e sentindo a energia da cidade. O bacana é que a arquitetura nessa parte não é poluída, as fiações são subterrâneas e na parte mais antiga de lá simplesmente não há postes, o que deixa tudo mais bonito. As ruas são cobertas de pedras que, por causa do tempo, ficaram desgastadas e lisinhas. Trupicar é quase inevitável, até porque olhar para o chão te dará uma sensação de desperdício quando tem tantas construções que te fazem ficar viajando na história delas.
2 comments
Mulher, eu simplesmente AMO essa foto com a carinha de "Porque eu fiz isso com a minha vida?", ela é magnífica demais! KKKKKKK
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKKKKKK essa sou eu tentando ser feliz quando na verdade ESTOL É MORRENO!
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